Recebi curioso o convite para “a primeira edição dos jantares da IOU”. Comandada pela jovem Gisella Sá-Pipatpan e outros dois sócios, a empresa tem como objetivo “promover a expansão da consciência para um estilo de vida prazeroso através de encontros, jantares, workshops e viagens”, tudo inspirado na filosofia e cultura tailandesas. No convite, o tema “Temperos & Temperamentos” mostrava que não seria uma noite de agradar apenas o paladar. Fui como representante da nossa Confraria CookLovers, e posso dizer que me senti honrado com a oportunidade. Mais que um jantar, foi verdadeiramente uma experiência gourmet, de mexer com todos os sentidos.
Para começar, a decoração do apartamento onde aconteceu o evento estava toda voltada para a culinária thai. Em uma das salas, um casal vestido a caráter dançava e tocava músicas típicas ao som da trilha sonora vinda diretamente do oriente, nos transportando para o outro lado do mundo. Depois de o coquetel ser servido, a anfitriã convidou a todos para que se sentassem e os consultores Tiago Dadalto Schettino e Marcos Vianna, ambos sócios de Gisella na IOU deram início à palestra. Palestra? Mas não era um jantar? Sim, mas não era apenas um jantar...
Em uma estruturada apresentação, os dois profissionais, que têm no currículo passagem por grandes empresas e organizações do terceiro setor, discorreram por alguns minutos sobre os quatro tipos de temperamentos humanos: colérico, melancólico, fleumático e sanguíneo. Enquanto eles expunham suas características e as atitudes consequentes dos portadores dos diferentes temperamentos, iam correlacionando cada um com temperos e sabores variados da culinária tailandesa, de acordo com suas influências nos pratos. Conforme falavam, garçons iam surgindo na sala portando bandejas com aperitivos que faziam alusão ao temperamento abordado naquele momento. O Mahoh, por exemplo, uma combinação de abacaxi com lombo, representava o temperamento fleumático, enquanto o Matabah, um folhado com carne moída e especiarias, remetia ao sanguíneo.
Em um ambiente informal – ainda que extremamente sofisticado – as pessoas ouviam atentamente e conversavam sobre o que era dito, comentando como se identificavam com cada temperamento e como era interessante pensar na relação disso com os papéis exercidos pelos temperos na gastronomia. Ao final da palestra, chegou o esperado jantar, com pratos preparados pela chef Marina Pipatpan, mãe de Gisella e umas das nossas maiores especialistas em culinária tailandesa. Ao lado do marido, Cyro Sá, ela comandou por muitos anos o restaurante Mestiço, que foi pioneiro em servir esse tipo de gastronomia em São Paulo.
Yum Hed Kao (salada de trufa branca com tomate, pepino, ervas, amendoim e camarão seco frito) e Kanom Jeen Kiew wan Pak (somen frio com curry verde de shimeji, abobrinha e mandioquinha servido com tempura de manjericão) foram algumas das especialidades servidas, todas perfeitamente preparadas e degustadas com entusiasmo pelos convidados, que garfada após garfada teciam elogios à chef, enquanto comentavam ainda sobre o assunto da palestra – que por alguns dias ainda martelou em minha mente.
“Nossa intenção é formar uma rede de pessoas que estão interessadas em um processo de autodesenvolvimento, juntamente com aqueles que podem oferecer algum tipo de ajuda ou exemplo nesse sentido. Temos e damos a oportunidade de conhecer pessoas que já estão trilhando uma vida com propósito, para se inspirarem e se conectarem às que objetivam isso”, afirmou Gisella ao final da noite, radiante pelo sucesso obtido. A ideia é que os jantares da IOU aconteçam a cada um ou dois meses, e o próximo já está preagendado para maio.
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